Resenha - Predestinados, de Thaís Silveira Venzel

Editora: Independente
Ano: 2017
Número de páginas: 130
Onde comprar: Predestinados
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Nota: ⭐⭐⭐⭐
Resenhista: Ariela Oliveira

Sinopse: O destino pode ser mesmo imprevisível. De uma hora para outra e quando menos se espera a vida toma um rumo completamente diferente do que estava sendo planejado. Aliás, planos são sempre questionáveis, pois para realizá-los envolve fatores externos dos quais não se têm o mínimo controle. Em um dia comum pode-se sair de casa para cumprir a habitual rotina e nunca mais voltar. Viver é arriscado. Enfrenta-se uma batalha a cada dia e nunca é possível saber quem sairá vencedor. Nos contos presentes neste livro é exatamente isso que acontece: o destino muda repentinamente o rumo da vida dos personagens. Alguns tem sorte, outros nem tanto, mas cada um tem aquilo que lhes é predestinado. Partindo de temas atuais, pode-se presumir que qualquer pessoa está sujeita a ser a personagem principal de um conto, que na maioria das vezes não é de fadas.

“Seu último pensamento foi que a liberdade era uma ilusão, ninguém estava imune às injustiças do mundo.”

Resenha: “Predestinados” é formado por contos, são seis no total sendo o último deles um bônus ao leitor. Esse conto final intitulado de “Vida de desempregado” foi publicado pela primeira vez em 2014 e a história se encaminha mais para um lado engraçado, achei esse o conto mais “leve” da antologia apesar de deixar uma grande reflexão.
        
    Em todos os contos a autora aborda temas atuais e bastante discutidos na mídia como, por exemplo, estupro, suicídio e depressão. Olhando somente pela capa eu havia imaginado algo totalmente diferente do que encontrei nesse ebook. Imaginei uma distopia ou algo relacionado a uma vida “pós apocalipse”. Acho que imaginar algo tão distante da real proposta dos contos foi o que me fez ser tão surpreendida positivamente por “Predestinados”.
            No primeiro conto “A cartomante” Isabela tem seu destino lido por uma cigana e não acredita em nada do que a mulher lhe diz e acaba “colocando sua mão no fogo” pelas pessoas erradas o que afeta drasticamente sua vida.
            Em “Assassinatos em série” cinco garotas são encontradas mortas uma após a outra no bairro de Rafaela e ela acaba descobrindo fatos da vida de cada uma das moças o que a deixa angustiada com os acontecimentos.
            “As três” conta um pouco sobre a vida de algumas amigas: a nutricionista, a psicóloga e a dentista. Gostei da “volta por cima” que as mulheres conseguem dar em suas vidas nesse conto.
            O quarto conto foi o que mais me deixou desconfortável por conta da descrição dos fatos. Judith a protagonista encontra um antigo amor da adolescência, mas ele agora faz parte do mundo do crime e a garota sofre por conta desse cafajeste. “Juliano é o nome dele” é o título do conto.
            “Uma semana” foi outro conto que me abalou bastante. Trata de depressão, suicídio e bullying, temas delicados e que precisam de

atenção.

            Durante toda a narrativa a autora expõe suas opiniões e faz críticas sociais. “Predestinados” tira o leitor da sua zona de conforto com temas polêmicos, mas que precisam ser tratados a fim de que cada vez menos pessoas sofram.

Resenha - O gabarito, de Douglas Felipe

Editora: Independente
Ano: 2017
Número de páginas: 236
Onde comprar: O gabarito
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Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Resenhista: Ariela Oliveira

Sinopse: 1 candidato; 5 vestibulares; 5 falhas; 1 acerto.
         O livro conta a história de Ciso, um ex-vestibulando (podemos chamar assim?) que se vê em uma situação difícil logo após a reprovação no vestibular. Pela 5ª vez. Para ver o sentido por trás de 5 vestibulares, 5 falhas e 1 acerto (e pra ver se essa conta dá certo mesmo), acompanhe Ciso, Cissa e Luigi nessa história sobre amizade, teimosia e claro: sobre a cidade.

“Às vezes me imagino dançando músicas que nunca ouvi com pessoas que não conheço. Elas estão lá, as pessoas, as músicas também, e são maravilhosas. Vejo nossos reflexos na parede espelhada e pasmo de felicidade.”

Resenha: Sabe quando você começa a ler um livro e se identifica com o protagonista? Parece que alguns pensamentos e observações dele são exatamente como você se sente? Foi exatamente isso que aconteceu comigo lendo “O gabarito”.
           
O personagem principal é o Narciso Pires, ou somente Ciso para os amigos. Seu sonho é passar na FUVEST e cursar Letras na USP, mas infelizmente esse sonho fica distante de se tornar realidade após sua quinta reprovação. Ele garante que essa foi sua última tentativa e agora precisa alterar sua rotina e encontrar um novo projeto ao qual se dedicar. Mas isso não é nada fácil, já que toda sua vida, esforços e dinheiro nos últimos tempos haviam sido destinados aos estudos e vestibulares.
            Ciso mora em São Paulo e trabalha durante as madrugadas em um hotel. Seus melhores amigos são Luigi e Cissa. Luigi está noivo e prestes a se casar e a formatura de Cissa já está chegando. Luigi é bastante engraçado, mas entre os amigos a que mais gostei foi a Cissa, ela é super animada e não mede esforços para ver um sorriso no rosto de Ciso.
            Na história nos deparamos com assuntos enfrentados por todos os jovens atualmente. As dificuldades para encontrar o primeiro emprego, as horas de estudos e dedicação se preparando para os vestibulares, o desejo de cursar aquela faculdade dos seus sonhos. Isso nos traz uma reflexão. Todos sabemos o quão importante é estudar, mas acho que tudo precisa de moderação. Na história Ciso acaba abdicando muito da sua vida a fim de estudar. Essa preocupação chegava ao ponto dele sentir peso na consciência quando saía para se divertir ou tirava um dia para descansar. Ele se culpava por esse “tempo perdido” e se arrependia de não ter estudado. Acho que tudo deve ter moderação, é preciso conciliar os estudos com lazer. Muitas vezes poucas horas de estudo com foco e dedicação pode surtir mais efeito do que longas horas na frente do computador lendo e relendo matérias.

“Escolhi muitas coisas. Toda hora era uma escolha: estudar versus alguma coisa. A vida não pode ser assim, só isso, pra ninguém.”

            O livro é narrado em primeira pessoa pelo Ciso e achei que o autor acertou na escolha da forma da narrativa porque ficamos mais próximos do protagonista. O Ciso é bastante sentimental, ansioso e muito bem humorado. Gostei tanto do protagonista que em alguns momentos sentia vontade de poder entrar na história e dar um abraço nele.

“Não fui rude. Tentei não ser. Na verdade tenho pavor de pessoas.”

Estava com grande empolgação para conhecer essa história e fico imensamente feliz em poder escrever aqui que “O gabarito” superou minhas expectativas da melhor forma possível, recebendo merecidas cinco estrelas na minha avaliação no Skoob e entrou para a lista de favoritos do ano.

Conversei diversas vezes com o autor Douglas Felipe por mensagens e posso dizer que além de ter talento para escrita ele é uma ótima pessoa, atencioso e super divertido, vale a pena conhecer seu trabalho.


“Ouvi no meu filme favorito que às vezes o autor ganha só um dólar por livro. Que tipo de merda é essa? No Brasil não é dólar, mas mesmo assim. Pouco.”
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