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Créditos da Imagem: Bruno Ribeiro |
Douglas
Felipe cresceu na cidade de São Paulo e atualmente (desde 2013) mora em São
José dos Campos com a família. Não possui formação acadêmica além do
"ensino médio completo" e é daí que vêm seus principais escritos. É
autor, por enquanto, apenas de um romance: O Gabarito, lançado de forma
independente em dezembro de 2017. (Skoob)
Tem
resenha recente de “O gabarito” aqui no blog (acesse o link
para ler) e agora vamos conhecer um pouco melhor o autor por trás desse livro
tão divertido que me prendeu de uma forma especial.
Conte-nos um pouco sobre você.
–
Bom, eu nasci em 92, no dia 17 de maio. Eu costumava ter muito interesse em
números e signos, meu sonho há alguns anos era ter nascido no dia 17 de
dezembro, porque sempre achei sagitário o signo mais legal, mas hoje em dia não
me importo muito com isso. Hoje em dia estou satisfeito com meu touro interior
(aham).
–
Eu sou muito sensível, tenho cara de mal-humorado e fechado, mas me solto (até
demais) com o mínimo de afeto que alguém demonstra.
–
Amo cachorros, e tenho uma quedinha por gatos também, mas aqui em casa minhas
fofas (duas dogs lindas) são grandes demais e odeiam quando tem animais novos
então não podemos ter gatos.
Quais eram seus passatempos que te levaram
a querer escrever seu livro?
–
Eu sempre desenhei muito, desde criança, e sempre brinquei de pegar programas
de TV e desenhos e brincar deles numa versão só minha (sempre com minha prima,
que cresceu comigo como irmã). Demorou muito pra eu saber o que eu queria ser
de verdade, mas depois que encontrei, acabei vendo que sempre quis mexer com a
arte.
De onde vêm os seus
personagens? São inspirados em pessoas reais ou em fatos?
–
Meus personagens vêm principalmente de mim e do que eu sinto com relação às
pessoas que conheci ou que gostaria de conhecer. Começa comigo, mas depois que
termino, percebo que eles são até bem
diferentes de mim, e isso me dá muito orgulho.
Em qual ou quais autores(as) você se
inspirou para começar a escrever? Hoje quais são suas influências literárias?
–
J.K. Rowling, com certeza. Mas não há nada de Harry Potter no que eu escrevo,
eu acho. J.K. Rowling foi a porta de entrada pra várias outras leituras na
minha vida, e as leituras que me deram mesmo
algo que eu precisava pra começar a escrever foram os livros do Markus Zusak
(autor de A Menina Que Roubava Livros)
e O Apanhador no Campo de Centeio, do
J.D. Salinger. Hoje em dia, meu coração literário tem dono: Karl Ove Knausgård (me sinto a Sakura
falando do Yukito quando falo dele, HAHAHA).
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Imagem cedida pelo autor |
Indique alguns livros que te marcaram
de alguma forma e você recomenda a leitura e fale um pouco sobre as referências
a outras obras presentes em “O gabarito”.
–
Os livros que mais me marcaram e que recomendo a qualquer pessoa são esses:
O Pintassilgo, da Donna Tartt (esse é o meu livro
favorito. Sério. De todos)
Tony & Susan, do Austin Wright (fez bastante
sucesso nesses últimos dois anos por ter sido adaptado para o cinema com o
título de Animais Noturnos, FILMÃO
maravilhoso de um LIVRÃO maravilhoso)
O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger
Trilogia
“O Azarão” (O Azarão, Bom de Briga, A Garota Que Eu Quero), do Markus Zusak
Todo Dia, do David Levithan
TODOS
OS LIVROS DA JENNIFER EGAN: O Torreão,
Olhe Para Mim, A Visita Cruel do Tempo, O Circo Invisível, Caixa Preta (e
os que ainda não foram publicados no Brasil. Essa mulher é maravilhosa demais)
–
As referências em O Gabarito AAAAAAAH NÃO QUERO FALAR, me sinto mega
envergonhado de fazer isso, então vou deixar aqui só as referências que estão
óbvias e deixar que vocês decidam as outras muitas que estão lá dentro:
*Ciso diz que leu Nada da Jane Teller em um dia (eu, na
vida real, demorei dois), e o livro fala sobre crianças que fazem um jogo para
provar que nada importa na vida. O livro é curto e bem profundo, e também o
inseri por causa da importância que o Ciso dá à Fuvest. Se o Ciso participasse
da brincadeira que há na história de Nada,
não sei o que ele colocaria na Pilha de
Significados. Talvez justamente uma das provas da Fuvest?
*Ele também leu O Pequeno Príncipe, e a amizade e a
lealdade são assuntos recorrentes no livro também. Ciso pode ser a raposa,
implorando por alguém que o cative, sem saber que já está sendo cativado e já
está cativando outras pessoas.
*O autor Edgar Miller e
seu livro, Última Bala de Festim, são
inspirados em um autor e uma obra reais, porém esse segredo eu não posso
contar, hehe.
O que seus personagens significam pra
você?
–
Eles significam a realidade e a fantasia que eu vivo e também a realidade e a
fantasia que eu gostaria de viver.
Como você se sente quando recebe
comentários e elogios sobre seu livro?
–
Fico feliz com os elogios, porque eles me dizem que eu fiz algo certo na vida.
E os comentários me deixam alerta, porque sei que meu trabalho não é perfeito,
então, por mais que no fim das contas eu perceba que tal comentário é um
elogio, sempre espero pelo pior quando recebo alguma notificação. Mas jamais
destrataria alguém ou compraria briga caso algum comentário fosse ruim, afinal,
cada leitor tem o direito de ter seu ponto de vista: essa é a parte mais legal.
Enquanto está escrevendo
você recorre à opinião de terceiros? Se sim, por quê?
–
Eu costumo mostrar o texto pronto e perguntar o que a pessoa acha, e não é
muito uma “opinião”, mas sim uma conversa que leva à mudança de expressões ou
rumos na história. Essas conversas também medem o que pode ser melhorado.
Para escrever você prefere um lugar
calmo sem barulho ou rola uma música? Se sim, qual sua trilha sonora durante o
desenvolvimento das histórias?
–
Olha, eu não sei dizer. Eu escrevi no trabalho, em casa, no ônibus, no metrô,
em viagens. Diversas vezes teve muito barulho e outras vezes estava tudo
tranquilo. Eu gosto de fazer tudo com fones de ouvido, então estou sempre escrevendo com o aleatório
tocando músicas e, de vez em quando, o aleatório acerta direitinho.
(Neste
momento, enquanto respondo a essas perguntas, estou ouvindo a música “Stories”
da banda There For Tomorrow – essa música é de 2009, quando me formei no ensino
médio! Adoro)
Sobre
trilhas sonoras, às vezes estou nem aí pra nada, e de repente, só por que tal
música começou no meu celular, tenho uma ideia e preciso escrever rápido pra
não perder a excitação.
Ah,
e tem mais uma coisa: há referências musicais fortíssimas no livro, inclusive
na última frase também, mas não posso falar quais são, afinal quando você lê é
nas suas músicas que você pensa, né?
Atualmente, quais as maiores
dificuldades enfrentadas pelos escritores brasileiros no seu ponto de vista?
–
A gente não tem investimento, e muitas vezes não temos como investir em nós
mesmos, e por causa disso deixamos pra lá. Escrever no Brasil é ser persistente
a um nível psicótico, porque em todo lugar e todos os dias há obstáculos, tanto
do mundo literário quanto do mundo normal, que tentam nos fazer desistir.
Você
pode dizer: ah mas existem concursos.
Sim. Existem. Mas não é o suficiente. Eu mesmo nunca venci um concurso e mesmo
agora, depois de publicar de forma totalmente independente, sempre que entro em
editais de concursos, encontro barreiras – “o autor deve ter de dois a oito livros publicados em seu nome”; “material precisa ser inédito”; “só serão aceitas inscrições
de autores que nunca foram publicados”.
Escrever um romance é muito difícil e, depois que estamos determinados a
publicá-lo, existe um prazo de validade em nós para a espera pelos resultados
de concursos. Aí também entra a teoria do Ciso de que só quem vence são os
excepcionais, coisa que, já sei: eu não sou. No meu caso, tive que abrir minha
porta no chute.
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Créditos da Imagem: Bruno Ribeiro |
Se você fosse começar sua carreira
como escritor hoje, mudaria alguma coisa?
–
Acho que, mesmo que tentasse, acabaria fazendo igual.
Já está planejando um novo livro?
Quais são seus projetos atuais?
–
Sim! Tenho três projetos em andamento, e um deles já está quase finalizado. São
três romances: um segue a linha de O Gabarito, e os outros dois são
completamente diferentes, mas estão sendo maravilhosos de produzir.
A história do Ciso em “O gabarito” permitiria
uma sequência, você pretende fazer? Ou pelo menos alguns contos sobre o
protagonista? (A leitora aqui agradeceria kkk)
–
Talvez um dia eu possa escrever um conto sobre o Ciso, como você sugeriu, é uma
boa ideia. Só pra ver aonde ele foi depois de toda essa história. Mas não
planejo isso tão cedo. Também adoraria escrever uma história do ponto de vista
da Cissa ou do Luigi, e finalmente descobrir o que eles estavam fazendo nas
partes em que o Ciso diz que eles sumiram. Mas também são coisas pra daqui
muitos anos. Ou talvez seja justamente um desses três projetos que ainda tenho
em andamento. Hehe, quem sabe?
Deixe um recado para todos seus
leitores.
–
LEITORES, desculpa ter respondido de uma forma tão séria. Eu gostaria de ser
mais divertido e melhor humorista, mas prometo que tudo que escrevo é de
coração. Tanto em O Gabarito quanto nos próximos livros que ainda virão (ATÉ
RIMOU, MEU DEUS!)
Espero
que gostem do livro, e apoiem os escritores independentes no Wattpad e na
AmazonKindle. Somos maioria, e não estamos sendo publicados por editoras
grandes porque elas acham que nós não damos dinheiro, isso sem nem nos conhecer
e sem dar chance ao nosso trabalho. Por isso, agradeço aos que abrem o coração
para um autor nacional desconhecido, e prometo que vou fazer sempre o meu melhor pra fazer a leitura
de vocês valer a pena. Eu gostaria de poder contar pra vocês tudo que aprendi
no mundo da literatura nacional, mas ainda sou pequeno demais pra esse assunto.
Aos
que leem e também escrevem: não
desistam. Foi o que Valter Hugo Mãe me disse quando o vi na sessão de
autógrafos em 2016, em São Paulo: “Não desista!” (de ser escritor).
Ah,
e é claro: suas respostas, sabe, no seu gabarito. Elas estão todas certas.
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